Leida Correia e Rajiv Morais, 26 e 29 anos respetivamente, naturais da ilha de Santiago. São estes os fundadores da EasyPay, startup vencedora do Demo Day da quarta edição da Bola Cabo Verde Digital, BCVD.
A EasyPay é apresentada pelos seus fundadores como uma solução que quer facilitar a gestão dos vários métodos de pagamento, poupando tempo e trazendo conforto e segurança aos consumidores. Uma solução pioneira de carteira digital que elimina metade das filas e viagens desnecessárias, integrando conveniência, segurança e eficiência, numa solução robusta que pretende “revolucionar” os pagamentos em Cabo Verde. É esta a startup que se destacou, no meio dos 10 projetos finalistas da quarta edição da Bolsa Cabo Verde Digital.
Durante três meses, desde meados de abril, 47 jovens empreendedores, fundadores de 25 startups de base tecnológica, receberam, através deste programa, dezenas de sessões de capacitação técnica e empresarial, em formato masterclasses e workshops, e receberam também mentoria e pré-incubação. Além disso, os promotores tiveram ainda acesso a um valor mensal de 30 contos cada.
O Demo Day marcou o encerramento oficial da quarta edição da bolsa. Um espaço em que as 10 startups finalistas tiveram a oportunidade de apresentarem os seus projetos a uma plateia diversificada, com potenciais investidores nacionais e internacionais.
“Vencer o Demo Day foi emocionante. Após estes 3 meses de muito trabalho, numa competição com tantos empreendedores talentosos e cativantes, realmente teve o seu gosto especial saber que conseguimos o primeiro lugar. Foi a validação do nosso sonho”, revela Leida Correia, que, ao subir ao palco para receber o prémio, não pôde conter as lágrimas.
Além de kits disponibilizados pelas operadoras Alou e UnitelT+, parceiras da Bolsa Cabo Verde Digital, os líderes do pódio BCVD receberam ainda uma passagem direta para o final do 929 Challenge, em Macau. Isto é, os founders da EasyPay classificaram-se automaticamente para a final do concurso, sem ter que passar pelo processo de candidatura.
O 929 Challenge, enquanto concurso de startups, tem como objetivo reforçar o intercâmbio comercial e empresarial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Os finalistas, equipas da China e dos PALOP, apresentarão suas ideias a investidores. Este ano, o 929 Challenge tem duas vertentes, uma para as universidades e outra para startups, em categorias como Turismo, Saúde, Fintech, Agroindústria e alimentação, Economia azul, Energia e Renováveis. As 3 equipas vencedoras receberão prémios, avaliados num total monetário de mais de 2 milhões e 200 mil escudos. Com a passagem direta para a final, a EasyPay, que neste caso concorre na categoria Fintech, entra na corrida a esses prémios, além de já ter garantida, por parte da organização do 929 Challenge, estadia de uma semana em Macau para os dois promotores.
“Vamos levar o nosso diferencial, que é simplificar e revolucionar os pagamentos em Cabo Verde e no continente Africano. E se tudo der certo, vamos trazer connosco mais força, conhecimento e parcerias para continuar este nosso trabalho”, afirmam. Esses promotores adiantam ainda que vão para a 929 challenge com a ambição de formar uma parceria com a China, conforme dizem, seus “ídolos e inspiração do mundo fintech”.
Macau não será o primeiro palco internacional da EasyPay. Agora em julho, durante três dias, estiveram em Barcelona a participar no THU Creators Circle, onde, no último dia, fizeram pitch para investidores. “Foi uma das melhores experiências da minha vida, e uma grande conquista para a EasyPay”, descreve Leida Correia.
Estes jovens empreendedores estão também de olhos postos na Web Summit, em novembro. “Queremos estar lá! Fazer as pontes necessárias entre o mundo e Cabo Verde. Estamos a preparar tudo e correr contra o tempo para lançar o nosso APP o quanto antes, dentro de todas as legalidades”, adiantam com entusiasmo.
Todos os anos Cabo Verde, através da Cabo Verde Digital, leva 10 startups para aquela que é a maior feira de tecnologia do mundo. Uma forma de fomentar o acesso a uma rede de contactos e de parceiros internacionais, e de apoiar os jovens empreendedores a construírem o seu percurso, tal como a missão da Bolsa CVD. “A Cabo Verde Digital tem sido o nosso grande impulsionador, e o sentimento será para sempre de muita gratidão. O papel da CVD foi de pai da nossa startup, disponibilizando-nos todas as ferramentas necessárias para que saíssemos do papel e crescêssemos. Devemos tudo à Bolsa Cabo Verde Digital e aos mentores que nos foram proporcionados. A EasyPay que entrou na CVD sai completamente amadurecida e pronta para a vida”, enaltecem Leida e Rajiv.
O papel da CVD foi de pai da nossa startup, disponibilizando-nos todas as ferramentas necessárias para que saíssemos do papel e crescêssemos - Leida Correia e Rajiv Morais
O programa Bolsa Cabo Verde Digital arrancou em 2019, operacionalizado pela Pró-Empresa, através da Cabo Verde Digital, e gerido pelo Fundo de Promoção do Emprego e da Formação, FPEF, que financia as bolsas mensais dos empreendedores. Desde então tem apoiado, a cada ano, 100 jovens e 50 startups, em duas sessões anuais, sendo que as últimas foram financiadas pela Fundação Calouste Gulbenkian. Um programa que tem trazido “muitas vantagens aos jovens cabo-verdianos”, afirmou o Vice-Primeiro Ministro e Ministro da Economia Digital, Olavo Correia, que proferiu o discurso de encerramento do Demo Day.